Nunca sabemos
nunca sabemos para onde vamos
nem como
por vezes ... há um apetecer fortíssimo
mas nunca conseguimos definir de quê
e ali ficamos, vítimas e carrascos
à espera que venha alguém ou algo que faça sentido,
que aponte qualquer coisa, sei lá
fazemos figura de parvos à espera
ridículos na paragem do autocarro
com destino ao Nirvana mais próximo e mais barato
olhamos céus azuis há tanto tempo que já nos parecem cinzentos
olhamos, mas nunca nos é permitido alcançá-los
nem tocá-los, sequer ao de leve
caminhamos satisfeitos pela terra que,
quando nos apercebemos,
deixou de ser nova
onde está o perfume
o delírio das cores
a orgia das formas
o deleite do calor do sol
a doce carícia do luar
sempre o mais erótico
e a promessa
a promessa
fomos enganados
não foi para esta viagem que pagámos
já não tenho medo de nada
nunca sabemos onde vamos
já não me apetece queimar olhos em olhares de fogo
aspirar o perfume subtil de cabelos de sereia em chamas
já não me apetece transcender-me e retornar
sublimar o mais negro da maior profundidade do ser
e ascender envolto no mais delicado perfume
na mais alva virtude
ascender
já não me apetece
quero mesmo é rastejar no meio dos excessos corruptos
deliciar-me com as maiores enormidades debaixo do sol
sorrir enquanto imolo fatias inteiras do meu próprio cérebro
empréstimo inútil ... extra de luxo que se tornou um empecilho
quero o meu dinheiro de volta
e parece que ainda há uma coisa chamada amor
que nos escorrega por entre os dedos
e não mais o contemos
maravilha prometida
tão falsa como todas as outras
divina loucura, bizarria infame
monumento ao erro
nunca sabemos para onde vamos
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