Saturday, March 19, 2005

nunca teria

Não, nunca teria sido eu o culpado, senão não podiam os reis aparecer em azul,

nem os papagaios amarelos enforcados em cedros do líbano,

nem as estrelas do mar a tomar saunas de limão enquanto chove lá fora

nem as ventoinhas inexistentes dos nossos tectos insistiriam em cantar pela praia fora, principalmente ao entardecer

nem as cartas do enfado teriam a lucidez suficiente para voltarem da lua devagar

não, nunca teria sido eu o culpado, se as coisas tivessem sido o que deveriam ter sido

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