Friday, February 18, 2005

gosto de pôres do sol

gosto de pôres do sol que se me encaminham fundo

que latejam como uma grande febre

que me consomem como anos

que me ardem

que me transformam em pó

pó dos anos e dos milénios

que é feito de ti, amigo?

que é feito do grande sol?

verdade incompreensível

achado precioso e transcendente

queimadura incurável nas nossas almas rasgadas e impacientes

és um verdadeiro cavaleiro

golpeando inimigos a toda a brida

e porque é que o mar aceita todos esses cais que se lhe penduram?

e os peixes, porque dormem eles?

se calhar, também quero comer algas e beber sal

respirar a vida e trespassar-me de luz

rasgar o verde ... o nosso verde

e espreguiçar uma vontade nunca confessada, mas sempre presente

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