crianças, finalmente!
O teu sorriso cegou-me
galáxias aproximaram-se
mundos moveram-se das suas órbitas
e as estrelas regozijaram-se
só podia pensar
que sonhava
um sonho pateta
impossível
senti a tua doçura na língua
o teu perfume no palato
a tua pele no meu cérebro
toda a tua inebriância
a toldar-me os sentidos rendidos
rios saíram de seus leitos
mães aclamaram os grandes deuses de outrora
animais mitológicos nasceram
a Terra rejubilou
e a Lua tremeu de emoção
os mares limitaram-se a embalar uma nova maré
uma nova brisa, perfumada em tua honra
e as leoas saíram à caça de novas presas
o luar a iluminar
um calor perfumado a sufocar os sentidos
perdemo-nos na poeira
naufragamos irremediavelmente na aventura
de um novo começo
e admiramo-nos, embasbacados
das revoluções deste universo
e dos outros
uma nova era se aproxima
é preciso amar de novo
afagar as cabeças abatidas
apertar os ombros descaídos
ressuscitar os corações embalsamados
reanimar os sentidos mumificados
desta vez vamos conseguir
quem sou eu
quem somos nós
nós?
E uma nova onda se espraia no areal da evolução humana
uma nova vaga, um novo espírito
tantos anos à espera sem nunca vacilar
os sonhos não são sonhos
são premonições
vislumbres do futuro que já existe, algures
já que o tempo é apenas uma ilusão
uma distorção holográfica circular
concebida para parecer linear
Um dia vamos ser felizes, prometo.
Vamos divagar e relembrar e contar e rir
destes tempos negros, desta era sem esperança
sem amor
e vamos voar, finalmente
aprender para que servem as asas, finalmente
finalmente
amar o céu da mesma forma que amamos a terra e o mar
espraiarmo-nos e sermos unos com a imensidão azul
nuvens como castelos, guardiões de milhares de pores de sol
brincadeiras inocentes, a alegria mais sã
o coração a palpitar de tão vivo
crianças,
finalmente!
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