Friday, July 22, 2011

crianças, finalmente!

O teu sorriso cegou-me

galáxias aproximaram-se

mundos moveram-se das suas órbitas

e as estrelas regozijaram-se

só podia pensar

que sonhava

um sonho pateta

impossível


senti a tua doçura na língua

o teu perfume no palato

a tua pele no meu cérebro

toda a tua inebriância

a toldar-me os sentidos rendidos


rios saíram de seus leitos

mães aclamaram os grandes deuses de outrora

animais mitológicos nasceram

a Terra rejubilou

e a Lua tremeu de emoção

os mares limitaram-se a embalar uma nova maré

uma nova brisa, perfumada em tua honra

e as leoas saíram à caça de novas presas

o luar a iluminar

um calor perfumado a sufocar os sentidos

perdemo-nos na poeira

naufragamos irremediavelmente na aventura

de um novo começo

e admiramo-nos, embasbacados

das revoluções deste universo

e dos outros

uma nova era se aproxima

é preciso amar de novo

afagar as cabeças abatidas

apertar os ombros descaídos

ressuscitar os corações embalsamados

reanimar os sentidos mumificados

desta vez vamos conseguir


quem sou eu

quem somos nós

nós?


E uma nova onda se espraia no areal da evolução humana

uma nova vaga, um novo espírito

tantos anos à espera sem nunca vacilar

os sonhos não são sonhos

são premonições

vislumbres do futuro que já existe, algures

já que o tempo é apenas uma ilusão

uma distorção holográfica circular

concebida para parecer linear


Um dia vamos ser felizes, prometo.

Vamos divagar e relembrar e contar e rir

destes tempos negros, desta era sem esperança

sem amor


e vamos voar, finalmente

aprender para que servem as asas, finalmente

finalmente


amar o céu da mesma forma que amamos a terra e o mar

espraiarmo-nos e sermos unos com a imensidão azul

nuvens como castelos, guardiões de milhares de pores de sol

brincadeiras inocentes, a alegria mais sã

o coração a palpitar de tão vivo


crianças,

finalmente!

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